[Receitas de Família] Canjica de milho com côco da minha mãe

Se há uma coisa que eu gosto da época das festas juninas, e que sinto muita falta neste meu período fora do Brasil, é a Canjica da minha mãe. Cremosa, branquinha, sabor de côco na medida certa e bem quentinha. Na verdade minha mãe costuma fazer canjica fora de época. E como a família é grande, ela sempre aproveita pra fazer em maior quantidade pra congelar boa parte. Dessa forma, sempre tem canjica pra comer mais vezes durante o ano. Hoje é aniversário da minha mãe. E eu fiquei pensando em como eu poderia escrever um post pra tentar sintetizar o quanto eu sou grata por tê-la em minha vida. Ela nasceu no dia de São João e daí me lembrei que eu tinha um pacote de canjica em casa: "É isso! Canjica da mamãe!". 

Canjica pronta pra comer, fumegante e com bastante canela em pó. Fiquei tentada a colocar a canela do Ceilão ao invés da Canela da China, mas a segunda é que faz parte da memória afetiva, né? 

Canjica pronta pra comer, fumegante e com bastante canela em pó. Fiquei tentada a colocar a canela do Ceilão ao invés da Canela da China, mas a segunda é que faz parte da memória afetiva, né? 

Dona Sílvia Teresa é uma mulher incrível! Qualquer memória que eu tenho é sempre com ela em ação: seja no trabalho; primeiro no serviço público quando ainda exercia a profissão de psicóloga; seja com decoração de interiores e arquitetura, profissão de destino que ela demorou a abraçar por medo de não dar conta da disciplina de cálculo na faculdade, quando se mudou pra Brasília; seja na cozinha, fazendo mil e uma guloseimas para gente. Ela herdou aquele gosto de agradar pela comida que minha avó tinha... É quase impossível pra mim escolher apenas um prato, feito por ela, como o meu favorito. Já publiquei duas receitas que ela faz com maestria aqui no blog: a Benedita e a Casquinha de Siri. E a Canjica vem agora se juntar à elas. 

Faltam zeros no mundo para acrescentar nesta nota pra dizer o quanto vale ter a minha mãe tão saudável, ativa e encantada com a vida. Não há dinheiro que pague! Nada palpável é capaz de significar o valor de tê-la como minha mãe. Te amo!

Faltam zeros no mundo para acrescentar nesta nota pra dizer o quanto vale ter a minha mãe tão saudável, ativa e encantada com a vida. Não há dinheiro que pague! Nada palpável é capaz de significar o valor de tê-la como minha mãe. Te amo!

Eu tenho uma memória especial de minha mãe, que vez por outra me aquece: Numa noite, eu estava dormindo e ela entrou no meu quarto. Me acariciou enquanto eu "fingia que dormia". Ela repetiu baixinho que me amava muito e que nada no mundo mudaria esse sentimento nela. Eu continuei fingindo que dormia até ela sair do quarto. E me lembro de ter lutado até o fim contra um nó que se instalou na minha garganta. As razões de eu ter "permanecido adormecida" me escapam. Da mesma forma o que havia acontecido naquele dia em especial. O que eu sei é que eu andava muito ressabiada, disso eu lembro. E talvez eu quisesse que aqueles carinhos durassem pra sempre. Achava que, se eu acordasse, eles parariam. Lógicas infantis. 

Ainda criança, vestida de caipira pra festinha junina da escola.

Ainda criança, vestida de caipira pra festinha junina da escola.

É incrível que dentre tantas memórias que eu tenho com minha mãe, seja esta, ocorrida na minha infância, uma das que eu mais tenho revisitado ultimamente. Acredito que viver como expatriado nos deixa, em alguns momentos, muito fragilizados perante o mundo novo que nos cerca. Daí a gente quer voltar pra um período em que se sentia protegido. E por isso, também, resolvi fazer a canjica. 

Até hoje, quando dona Sílvia resolve fazer o prato, ela chega pertinho da gente com a melhor cara do mundo e diz: "Me deu vontade de comer canjica, que tal?". É o suficiente pra gente já ficar feliz, esperando por uma caneca cheia desse creme espesso e aveludado de côco, cheio de flocos redondinhos de milho branco a serem mastigados lentamente, até o gosto sumir na boca. O amor pode assumir várias formas. A comida é uma das maneiras mais lindas delas. 

Te amo, mãe!

Receita simples, mas de valor inestimável: 

Canjica de côco

Ingredientes:

500g de milho para canjica

1 litro de leite

1 canela em pau

1 lata de leite condensado

1 garrafinha de leite de côco (eu usei em pó, diluído em leite)

90g de côco ralado seco (se você tiver a sorte de tê-lo fresco, use-o!)

Canela em pó para servir

Opcional: Açúcar o quanto baste.

Modo de preparo: Deixe a canjica de molho em água filtrada por 6 horas. 

Deixe a canjica de molho em água filtrada por 6 horas. Depois, coloque os grãos hidratados numa panela de pressão e cubra-os com água filtrada, dois dedos acima dos grãos. Lembre-se de que a panela de pressão, por segurança, só pode ser preench…

Deixe a canjica de molho em água filtrada por 6 horas. Depois, coloque os grãos hidratados numa panela de pressão e cubra-os com água filtrada, dois dedos acima dos grãos. Lembre-se de que a panela de pressão, por segurança, só pode ser preenchida por líquidos até metade de sua altura. Assim que a pressão pegar, cozinhe por 15 minutos. 

Tire a pressão da panela e avalie a cocção do grão. Eu gosto do milho mais "mastigável", al dente, então este tempo foi suficiente. Mantenha a panela no fogo até quase secar a água do cozimento. Assim que a água evaporar, junte o leite integral. Fer…

Tire a pressão da panela e avalie a cocção do grão. Eu gosto do milho mais "mastigável", al dente, então este tempo foi suficiente. Mantenha a panela no fogo até quase secar a água do cozimento. Assim que a água evaporar, junte o leite integral. Ferva a canjica no leite por uns 15 minutos, até que ela pegue o seu gosto. Adicione o leite de côco e o leite condensado. Misture e prove pra saber se quer adicionar açúcar extra. Eu preferi não colocar mais. Adicione o côco ralado e ferva por mais alguns minutos, até que o sabor esteja do seu agrado e o caldo esteja engrossado. Ajuste o açúcar, se quiser, e sirva.